quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mátria amada


Se existe uma coisa que aborrece de verdade são aquelas pessoas que tem um prazer quase sexual em falar mal do Brasil. A impressão que da é que, à medida que denigrem a imagem da própria terra natal, esses indivíduos enaltecem a si próprios, como a flor que nasce do estrume.
Mas a indignação maior reside no fato de que, geralmente, esse tipo de “cidadão” não conhece o mínimo da história, costume ou até mesmo geografia do país. Não são capazes de apontar no mapa onde exatamente fica o Pantanal ou o recôncavo baiano, ou ainda se determinado sotaque é da Paraíba ou da Bahia, mas estão sempre prontos a afirmar que não vivemos em um país sério.
Há ainda a freqüente argumentação de que “o brasileiro é picareta”, “malandro” ou coisa do tipo. Mas aí resta uma dúvida: qual brasileiro? O Macapense? O Manauara? O Macuxi? O Paulistano? O Curitibano? Ou o Carioca mesmo? Sim, porque só alguém realmente alheio ao que seja o Brasil para estereotipar a população do país mais miscigenado do globo terrestre.
Mais do que miscigenação pura e simples, o segredo do Brasil é o que o poeta e compositor Jorge Mautner define como Amálgama cultural. O autor de “O deus da chuva e da morte” afirma que esse fenômeno social não é nenhuma novidade por aqui, pois "Quem definiu o Brasil, pela primeira vez, como um amálgama que nos diferencia de todos os outros países foi José Bonifácio, em 1823. Amálgama é um retrato, uma alquimia do Brasil”.
O que há de concreto é o fato de sermos um país de capitalismo derivado e tardio, dependente de sistemas capitalistas centrais como o norte americano. Essa dependência implica na importação de algo mais lesivo à consciência de nação do que produtos industriais e tecnologia: a importação de cultura.
Até onde os tentáculos do império estadunidense podem alcançar, sua língua, culinária, esportes e seriados televisivos, incorporam-se aos costumes locais como algo natural. A essa cultura importada e incorporada pela classe burguesa, atribui-se a formação do pensamento de muitos compatriotas, principalmente do Sudeste brasileiro (paradoxalmente a região mais “desenvolvida” do país), ao vislumbrarem no Brasil uma imagem atrasada e corrompida, idéia tão cara aos olhos de produtores Hollywoodianos.



da Série:
Mãe, fiz Direito, mas quero ser poeta...

Na Rua.

A falta de trânsito
A sombra de dúvida
Espelho e corredor

A falta de tempo
A sobra do almoço
Calçada e cobertor

A falta de trampo
O samba de roda
Dança e tambor

Medo e malícia
O peso da preguiça
A falta de amor.


Eu morri há 20 anos atrás.

Se o Maluco beleza ressuscitasse hoje, teria a impressão de que 21 de agosto de 1989 fora realmente o dia em que a terra parou, pois, assim como na data de sua morte, o Sarney (então presidente) continua mandando no Brasil, Edir Macedo (inspiração para a música “Pastor João e a igreja invisível”) continua vendendo salvação e Paulo Coelho (parceiro em tantas obras primas como Gita) continua fazendo sucesso. Talvez este último o surpreendesse pela qualidade (ou falta dela) em seus livros. Aliás, não percam tempo com o filme “Veronika decide morrer” (estréia nesse fim de semana). Não vale um grão de milho estourado.

E VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quando a gente fica triste

Tentei definir o que acontece comigo quando fico triste.

Talvez meditar no estar triste, ou no que é sentir triste, ou ainda idealizar triste como objeto descritível... é, talvez isso não sirva pra nada, a não ser pra quem pensa que é poeta...

Incluir a razão na emoção torna os sentimentos desconexos demais, mas analisá-los pura, simples e emotivamente embasados, pode resultar em palavras bonitas, daquelas que a gente gosta de ler e de escutar.

Como você se sente quando está triste?

Assim estou quando a alegria se inverte:

"Se alguém conseguisse entender
que a densidade das minhas lágrimas
é muito maior do que tudo aquilo
que quimicamente elas conseguem ser

porque são densas de sentimento triste
porque e quando triste o choro dói
e o peito se comprime num aperto profundo
que arde

meu choro tão razoavelmente
é a transposição de todo respingo d´água
de um oceano de emoções
que remexe com força lá dentro
e que meu lado interior não consegue segurar
nem todos aqueles sentidos externos
formam uma barreira eficaz

já estou lavada desse sofrimento por todos os cantos
por todos os cantos que se vêem
por todos os cantos que se crêem
elas se multiplicam sem a minha permissão"