quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

OLHAR E VER


















O homem é essencialmente coletivo e de tal
forma atua. Daí resulta a sazonalidade natalina. Surge do mais do mesmo copiosamente ditado há décadas por uma "mão invisível". Contudo, certas proposições são incontestes. A sociologia, algo genuinamente humano, já tratou de tais dogmáticas. O que me aclara, de forma sociológica mais do que a tradição, é a certeza de que a segunda vinda (um pouco como Willian Yeats descreve no poema com esse título - abaixo) é um fato. Limitado? Talvez...sou humano ! Conformado? Jamais...me convença !

A SEGUNDA VINDA

Voando cada vez mais longe, o falcão não ouve mais seu falcoeiro.
Tudo se desmancha no ar. O centro não segura a imensa anarquia solta sobre o mundo.
Terrível maré de sangue invade tudo e as cerimônias da inocência são afogadas.
Os homens melhores não têm convicção; e os piores estão tomados pela intensa paixão do mal. Alguma revelação vem por aí; sem dúvida, é a Segunda Vinda.
Segunda Vinda! Digo estas coisas e o espírito do tempo nubla meus olhos: nas areias do deserto uma forma de leão com cabeça de homem, com o olhar vazio e impiedoso como o sol, move-se lentamente, enquanto rondam assombras de raivosos pássaros do deserto.
Voltou a escuridão; e eu vejo que vinte séculos de sono de pedra querem se vingar do pesadelo que lhes trouxe o berço de um presépio.
A hora chegou por fim; que monstruosa fera se arrasta para Belém para renascer?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

DETRITO FEDERAL





















O capital domina o Cerrado
Da Ceilândia ao Senado
E o que se vê
No horizonte arquitetado
Não passa na TV
Claro, foi planejado!

50 anos de fundação
De preconceito, desprezo e corrupção

Feliz aniversário!
E o presente, minha gente?
Está incluso no erário
Que algum proativo funcionário
Dará “boa direção”

Que emoção!

“Em teu seio, ó liberdade”
Até a morte mamarão
Ministrando a falsidade
Legislando a enganação
Decretando a impunidade
Presidindo a omissão.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

sozinho com a saudade

só se descobre que a saudade,
de fato vive, tem forma e tem voz,
quando te deixam sozinho com ela.

às vezes, ela senta ao teu lado
e imita tua cara de triste
numa depravada ironia ultrajante

às vezes, ela é explosivamente assassinada
quando afogada e velada num abraço profundo
e num beijo e num carinho santo

às vezes, ela pega um giz na mão
e te ensina, sentado, atado, valor
como se sua insuportável presença contínua
fosse expressamente aquele mau-bom que desperta

mas em todas as vezes,
ela é nunca é convencida a se afastar pra sempre
ela é nunca comedida,
e as porções generosas aqui doem mais
e mesmo que histérica, randômica ou frenética
só a conhece, de entender tudo pelo olhos,
quanto te deixam sozinho com ela.

domingo, 22 de novembro de 2009

EM CANTOS



Se um dia me vir em um canto da casa sem móvel, quadro ou retrato, não se espante. Não estou louco, tampouco triste. Pelos cantos, em geral, andam os aflitos, deprimidos, apaixonados, encabulados, bêbados. Eu apenas fujo da mesmice, habitando aquele lugar vazio, simples e que é lembrado de forma rápida no momento da faxina semanal. Ali a visão é sempre nova e acolhedora. Aliás, quem nunca se flagrou em alguma das situações mencionadas, e encontrou abrigo seguro em um negligenciado lado do cômodo?

Os espaços desprezados da casa guardam segredos impressionantes não só de ambientes que pensamos conhecer muito bem, mas de nós mesmos (de quem, definitivamente, sabemos bem pouco por redescobrirmos a cada dia).

Olhe ao seu redor, procure aquele lugar alijado do planejamento decorativo - geralmente ocupado por caixas e sacolas tão inúteis quanto seus conteúdos - e habite-o. Leve consigo livros, discos, papel, caneta, violão, todos os seus vícios e virtudes e comprove a típica força inspiradora daqueles que observam sem serem notados.

Os ângulos esquecidos de lares bem arquitetados não aparecem nos álbuns de retratos de família. Resta-lhes a triste visão dos traseiros de fotógrafos de plantão; despercebidos assaltantes de suas privilegiadas posições.

Embora não convidados para os eventos sociais e, quando inevitáveis, muitas vezes, escondidos por cortinas ou supersticiosos vasos ornamentais, os espaços marginalizados estão sempre dispostos a mostrar um novo aspecto do cotidiano e toda experiência acumulada em empoeirados anos de desprezo.

O “mundo” tem a forma e dimensão de nossa imaginação. Lembra desta antiga comparação? Primeiro o Quarto, depois a Casa, Quarteirão, Cidade... e o nosso mundinho vai dilatando. Freqüentar cantos esquecidos é mais que um costume “inútil”. Criando uma analogia com minha “paranóica” mania por cantos, podemos analisar esses níveis espaciais de convivência humana, olhando de (e para) seus lados esquecidos. Se quiser mesmo conhecer a casa, visite o porão. As favelas e bairros periféricos explicam a Cidade.

Com a mais recente arritmia cardíaca deste paciente, em coma induzido, chamado MERCADO, os cantos dos Hemisférios Sul e Oriental do globo terrestre foram, convenientemente, lembrados. Até QUANTO?

Essas linhas foram escritas de um canto pouco provado e muito improvável.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poção mágica para poemas pomposos

(Ok, ando mesmo sem ter muito o que fazer....rs)

Poema e poesia
duas gotas de alfazema e uma pitada de nostalgia
canta logo um bom dilema
revela em refrão sua magia

Verso e harmonia
o controverso batido às coisas de todo dia
passeie por todo universo
e traga em rimas a essência da alegria

Poeta e ousadia
tudo interpreta com uma dose de melodia
sem poção o que escreve engaveta
mas com ela enfeitiça a freguesia.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UM CERTO LEMINSKI




Há vinte anos morreu o poeta, músico, tradutor, professor, judoca, hippie e, sobretudo, generoso artista Paulo Leminski Filho.
O rei do haicai no Brasil foi, em uma leiga opinião, um dos maiores poetas da história do Brasil (calma que o grupo é grande).
O Poeta não só influenciou o pensamento e o comportamento da juventude de sua época, como de todas as posteriores, vindo a bater aqui na “geração online”.
Prova inconteste de tamanha influência é a exposição apresentada pelo Itaú Cultural, na avenida Paulista, em São Paulo. A exposição é curta e intensa como seus poemas, acompanhada de apresentações ao vivo de suas músicas. Vale muito para quem não conhece e mais ainda para quem se identifica com o espírito marginal do “Bandido que sabia latim”.
Leminski é um inclassificável e representa a resistência à poesia acadêmica e elitista, pulverizando o conceito de arte, como deve ser; para todos sem distinção.




Merda e ouro

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

Paulo Leminski.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

RÉ MI SOL FÁ

do céu ao sol
da dó do mar
do pranto ao chão
me faz cantar

já ré em si
se fosse lá
tão grande em ti
assobiar

o seco em um
traz dor maior
e mim tum tum
lhe batucar

só sim é bom
se bem lher quer
ti e mi é som
se si fizer

tom do luar
lhe digo cor
pra vir brilhar
fiz a propor

tão tu tá lá
sei não si vem
me acho aqui
vem ti fá bem

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

AS VILAS DE NOEIS
















É lamentável ver como a mídia trata assuntos de profunda complexidade com a análise simplista que lhe é tão peculiar. Para os jornais, todos os problemas do Rio Janeiro têm origem exclusiva na famigerada “violência”, como se ela fosse uma mal em sí mesma.

Um helicóptero em chamas caiu do morro matando três policiais. O que o helicóptero estava fazendo no morro? O que os traficantes estavam fazendo morro? O que a população civil inocente está fazendo no morro? Ninguém explica.

É bem provável que a manhã do último Sábado não tenha sido muito diferente das anteriores para os moradores do Morro dos Macacos em Vila Isabel. Acordar ao som de um Fuzil não deve nada agradável, mas vai se fazer o quê? É a tal da “Violência”. Mas dessa vez não foi igual. Dessa vez filmaram um helicóptero incandescente na cidade escolhida para as Olimpíadas 2016, cara! Sabe lá o que é isso?

Assistiremos agora a mais evidente legitimação de vingança do Estado. Eles vão tomar o morro, matar dezenas e ir embora. É assim que o Estado Brasileiro cuida de seu povo.

O homem sempre vai se organizar. No morro ou no asfalto, estando certo ou não, não importa...alguém vai sempre bancar o “Paizão”. A história é conhecida: Os ricos querem as praias lindas para seu Cooper matinal, os teatros para suas comédias alienantes, os cinemas para seus filmes burgueses, as boates para suas noites de "chapação" e expulsam os pobres para se aglomerarem nos morros sem água encanada ou luz elétrica. O mercado local se desenvolve e isso incomoda (claro que é droga!!! Esperava o que? Templos de consumo de artigos de luxo ou lojas revendedoras da Ferrari?).

Termino com um trecho de uma das maiores obras do maior sambista de todos os tempos, Noel Rosa, intitulada “Feitiço da Vila”. É um relato do bairro nos anos 30. Como permitiram tanta mudança? Claro, com “Violência”.

Quem nasce pra sambar
Chora pra mamar
Em ritmo de samba
Eu já saí de casa olhando a lua
E até hoje estou na rua


A zona mais tranqüila
É a nossa vila,
O berço dos folgados
Não há um cadeado no portão
Pois lá na vila
Não tem ladrão.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"GUERRA É PAZ"


“Duplipensamento” é um conceito criado por George Orwell, no livro 1984. Consiste na capacidade do individuo armazenar duas idéias totalmente contrárias e aceitar ambas como verdade. É através desse conceito que o Estado, descrito na obra, desenvolve seus três principais lemas: “Guerra é Paz, Liberdade é escravidão e ignorância é força”

Eleger um presidente que administra dezenas de guerras pelo mundo (Por herança, é bem verdade) ao Nobel da paz, não seria um exemplo claro de “duplipensamento”? Desculpem-me os Obamaníacos (eu também sou um).

Ainda em 1984, segue um trecho interessante do livro. Vale lembrar que foi baseado nesse livro que inventaram o Big Brother.

“Essas pessoas podiam ser levadas a acreditar nas violações mais flagrantes da realidade porque nunca entendiam por inteiro a enormidade do que se solicitava delas, e não estavam suficientemente interessadas nos acontecimentos públicos para perceber o que se passava. Graças ao fato de não entenderem conservavam a saúde mental. Limitavam-se a engolir tudo, e o que engoliam, não lhes fazia mal, porque não deixava nenhum resíduo, exatamente como um grão de milho passa pelo corpo de uma ave sem ser digerido”.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SE SEGURA, MALANDRO !



Não poderia me furtar a escrever sobre o assunto do momento. Se você não está falando nisso neste exato momento, alguém, em um raio não superior a 50 metros, está. Isso, é claro, se você estiver em uma montanha congelada, no meio do Tibete, sem rádio, televisão, celular, Internet ou qualquer outro meio de interação com a ‘’Sociedade Economicamente Organizada’’. Também existe a possibilidade de que você esteja em Honduras. O acontecido não deve ter repercutido muito por lá

Do contrário é Brasil, zil,zil na caxola (o cara que vez essa vinheta está, como dizem, montado na moeda).

Rio 2016! Este é ponto. Não quero discutir se vai ser bom (e será) ou se vai ser ruim (e será também). O que essa eleição marca para o Brasil é a aquisição do título (temporário) do clube dos paises capitalistas dominantes.

Numa análise precipitada, essa seria uma ótima notícia, não fosse, como tudo que envolve dinheiro e poder na história da humanidade, o altíssimo ônus do ingresso nesse seleto grupo.

Vamos colocar no papel: A maior reserva de água doce, na maior floresta, com a maior biodiversidade e a recente de descoberta de uma das maiores reservas de petróleo do mundo na camada pré-sal. Acrescendo a isso a eleição para sediar as Olimpíadas de 2016, fica difícil não concordar com o jargão populista do presidente, pois “nunca na história desse país” se viu tanto “progresso”.

Por falar em história, uma das qualidades que o brasileiro mais se gaba é de viver em um país pacifista (depende um pouco); mas é aqui que vem a conta! Não sejamos inocentes a ponto de acreditar que países que dominam o planeta há décadas, como o Japão e os Estados Unidos, vão assistir alegremente a estardalosa ascensão do Brasil. Alias, o primeiro já declarou que a eleição do Rio para as Olimpíadas foi negociada com franceses e africanos do COI.

Você pode estar achando que sou partidário da teoria da conspiração, ao que respondo que “sou mesmo”. Não posso ver o governo comprando SUBMARINOS, HELICÓPTEROS E AVIÕES DE COMBATE DE ÚLTIMA GERAÇÃO que já vou logo falando que vai ter guerra. Quando ouço um economista falar em desenvolvimento, sinto cheiro de conflito.

Por fim, enquanto a guerra não vem, preparem-se para um longo período de hipocrisia patriótica, pois, agora que a civilização descobriu vida inteligente abaixo da linha do Equador, ser subdesenvolvido será “Cult”.






Da série poeta sem tema.




POEMA EM BRANCO


A ponta vacilante

Da caneta que aguarda

Uma frase impactante

Uma idéia elaborada


A mão prontamente firme

Não será a responsável

Eis tão somente imprime

A tarefa indelegável


Todo corpo agora anseia

O despacho competente

Que liberte da cadeia

Algum verso delinqüente

...

Nada ainda

Calado

Aguardo

...

Nem sinal

Amargo

Um trago


Um clarão à Saramago !


De onde virá a salvação

De tal sorte deprimente?

Ainda bate, Coração?

O que pensa, minha Mente?


Mas os órgãos em conflito

Por orgulho marcial

Abandonam-me aflito

No imenso mar de sal


Inspiração

No chão!!!

Transpiração

No ar...

Nem Homero

Nem Platão

Razão a alvorejar


Cidade de neve

Cândida e gelada

Neurônios em greve

Lembrança apagada


Símbolo da paz

Sinônimo de pureza

Desassossego me traz

Pois a única certeza

Nesse ensaio Incapaz

É que em toda natureza

O que é vivo um dia Jaz


E assim se perfaz

Essa suposta limpeza

Num branco cartaz

Numa escura clareza

‘’Sem perder a ternura jamais’

Mantendo sempre a dureza.


domingo, 27 de setembro de 2009

SOBE O SOM !


Atendendo ao princípio deste espaço, de agregar o máximo de opiniões possíveis, segue texto escrito por Filipe de Deus - Pão, para os chegados - falando de algo comum a todos nós, Música.

É, estamos expandindo...gente que sabe o que diz tá mandando ver por aqui.

Fala, Pão !



............



Same old song and dance


O que define uma boa música?

O que torna uma música boa?

Lindos acordes?

Um bom arranjo?

Um vocal perfeito e afinado?

A letra? A melodia? O ritmo?



A música é, para mim, a mais pura forma de expressão do homem, o meio perfeito para se expor sentimentos, amores, medos, anseios, alegrias.

Uma boa música é aquela que dá calafrios quando ouvida, que traz lágrimas aos olhos de seus espectadores, que emociona o coração do público.

Blues, Jazz, Rock, MPB, Clássico, Reggae, Sertanejo, Folk, e, porque não, Pop.

O primeiro dogma a ser descartado para se compreender a música é o estilo.

As chamadas “tribos” acabaram por criar uma rivalidade etérea entre diferentes estilos de músicas, quando na verdade, todas estão entreligadas, podendo até ter uma mesma origem ou um mesmo significado em diferentes culturas.

Tomemos como exemplo o Blues norte-americano e o Samba brasileiro.

Esses dois estilos são mais parecidos do que aparentam, tendo ambos advindos, em suas raízes, da classe baixa da sociedade, com um grito de socorro, um retrato de suas mazelas.

A partir dos anos 40, o Blues, nos Estados Unidos, e o Samba, no Brasil, representavam a noite, a boemia. Robert Johnson, Nelson Gonçalves, Muddy Waters, Cartola, BB King, dentre tantos outros.

É fácil citar ao menos uma música de cada um dos estilos anteriormente citados que refletem os sentimentos de seus compositores.

Ressalto que as músicas abaixo citadas não refletem sequer minha opinião pessoal, mas apenas as primeiras músicas que vieram à minha mente ao escrever esse texto.


Blues – Nobody loves me but my guitar

Rock – Road to nowhere

MPB – Ronda

Sertanejo – Luar do Sertão

Folk – Tuesday is gone

Pop – They don’t really care about us


Me vem à mente agora trechos de 4 músicas, de autores completamente diferentes, de estilos completamente diferentes, para públicos completamente diferentes, mas que trazem mensagens parecidas.

Eu lhe peço Senhor

Traz de volta esse amor

Senhor está perto meu fim

Eu lhe peço meu Deus, tenha pena de mim



Lord I need your smile child

Like the one I once knew

Make my grass green and my blue skies blue

Lord was time when 2 were 1

Tell me now girl

Where’ve all the good times gone



I ain’t gonna give up on Love

Love won’t give up in me

Every tear I’ve cried

Only washed away the fear inside

‘Cause I ain’t gonna give up on love



Você é isso

Uma beleza imensa

Toda recompensa de um amor sem fim

Você é isso

Uma nuvem calma

No céu de minha alma, és ternura em mim



Não revelarei os autores. Assim devem ser vistas as músicas, nuas, sem os rótulos que as separam por tipos ou ritmos.

A música deve ser ouvida, e não vista.

Nada impede que uma só pessoa aprecie diferentes estilos musicais, diferentes ritmos, que esteja sempre com a mente aberta para novidades. Isso diferencia os músicos. Inexistência de preconceito. Respeito por outros músicos. Saber apreciar o que é bom, sem levar em conta detalhes como quem toca, quem canta, os instrumentos usados, o ritmo que rege, etc.

Por fim, gostaria de transcrever um trecho de uma música que, nos últimos dias, tem tido um significado especial para mim.

Peço perdão pela minha preferência para com a língua inglesa, mas, sintetizando a mensagem deste texto, a língua em que se escreve é indiferente, o que importa é a mensagem, o sentimento que transparece desta.



There are no unlockable doors
There are no unwinnable wars
There are no unrightable wrongs
or unsingable songs
There are no unbeatable odds
There are no believable gods
There are no unnameable names

Shall I say it again
There are no impossible dreams
There are no invisible seams

There are no uncriminal crimes
There are no unrhymable rhymes
There are no identical twins or
forgivable sins

There are no incurable ills

There are no unkillable thrills

There are no unachievable goals
There are no unsaveable souls
No legitimate kings or queens, do
you know what I mean
There are no indisputable truths
And there ain't no fountain of youth
Each night when the day is through,
I don't ask much, I just want you


Filipe de Deus

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CORRERIA










Corra, menino, corra!
Não se preocupe
O passado continua onde o deixou
E te alcança num futuro próximo

Corra agora
Não perca tempo
Não olhe de novo
Tenha atenção suficiente para olhar apenas uma vez
E corra...

Parar é relativo
Correr é absoluto, preciso!
Por isso, não corra o risco de parar como eles querem
(olhe a pedra)
Pare apenas quando achar que deva
E, mesmo parado, mantenha o movimento vital que instiga os sentidos
Enquanto isso, apenas corra

(O buraco...)
É assim que vai dominar a adversidade
Fite diretamente
Chame pelo nome
E, no ritmo de suas passadas, ignore sua dimensão

O rumo é qualquer
Mesmo que errado
(Curva)
Você é quem endireita o caminho...
Quando corre

Também não se habitue à inércia
Alterne a velocidade
Do contrário, não irá longe
Pressa cansa
Lentidão pouco avança
Temperança, temperança!

E não se iluda
A chegada é aqui

Um passo à frente
E o lugar é o mesmo
Não o seja você

Então corra, menino !

domingo, 20 de setembro de 2009

#23

Quando vejo o espelho
vejo alguém de vinte três
com um tom suspeito de palidez
de alguém que constantemente foge da lucidez
como de quem sofre espiritual surdez
com uma mente que abarrota porques
e coragem de quem só responde talvez

perdida a tolice da altivez
logo assim, aos vinte e três

sabe,
quero encontrar a pequenez
de uma alegria menos xadrez
quero viver um amor pra sempre cortês

quero falar o tempo todo meu português
e quero com a mortadela,
pão francês

quero me livrar da embriaguez
de viver sem sentido outro, outro e outro mês

quero encontrar meus valores outra vez
não quero vida farsa como quis Inês
quero outra fisionomia para minha tez

mas para não só crer que tudo caminha para a aridez
paro esse jogo de frases tecidas de acidez
para que não se leve em conta essa toda estupidez
porque o que quero e que sou é tudo ainda insensatez
afinal, só tenho vinte três

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Histórinha macabra

...
e a minha vida
em meio a jornada
achei-me numa selva
distante e tenebrosa
onde certa vez,
numa noite sem lua,
a razão me levou pra passear.
o chão frio e úmido
fazia meus ossos doerem
e o vento gelava minha alma.
o mato fechado
cerrava meu rosto
e cortava meu corpo
que se revelara frágil.
segui em frente
sem entender direito
o caminho q levava.
pois a razão,
me fez acreditar,
que chegaria num lugar especial.

nunca mais me encontrei com o sol.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

ILEGAL, IMORAL OU ENGORDA.


Francisco acorda, como todos os dias, de forma automática, antes mesmo do Sol nascer. Desperta sua mulher, filhos, irmãos, mãe e alguns amigos que, seguindo o exemplo, vão chamar os seus. Todos dividem um exíguo espaço onde fazem suas refeições, necessidades fisiológicas e descanso físico. É preciso estar desperto antes da chamada oficial para contagem e início dos trabalhos diários, pois, do contrário, podem ser severamente punidos pelos enviados do proprietário das terras onde trabalham.

Sim, Francisco foi um escravo (aliás, esse nome fora dado por seu dono em homenagem a um santo cultuado na região. Seu nome verdadeiro era Upindi) e essa foi sua rotina matinal até o dia de sua morte.

A ilustração do ficto exemplo acima, não tem, como você já deve estar achando, o objetivo de discutir o racismo ou escravidão, ambos infelizmente ainda tão comuns no país, mas serve para refletir sobre alguns dogmas culturais que carecem de revisão.

Dia desses, ouvindo um disco do Roberto Carlos chamado ”Pra Sempre” (pela Internet, é evidente), enquanto ouvia a música que intitula este despretensioso texto, me peguei indagando junto com o Rei: “será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?” Será que tenho pré-disposição para coisas que são proibidas pelo bom senso social?

Ao contrário do que muitos acreditam, as sociedades ocidentais se pautam não por preceitos morais ou éticos, mas por uma invenção humana chamada “lei”, o que denomina os famigerados “Estados democráticos de direito”.

Logo no primeiro ano do curso de Direito, teima-se em ensinar que “onde está a sociedade, está o direito” (ubi societas, ibi jus), mas basta uma análise nada profunda do sistema legislativo e dos sujeitos que possuem competência para a elaboração das normas para concluir que, na verdade, a lei é o produto que reflete os interesses nada escusos de empresários lobistas, invalidando totalmente o referido brocardo latino.

O trabalho escravo é algo tão repugnante que, atualmente, é proibido pela Constituição Federal, pela Consolidação das Leis Trabalhistas e pelo Código Penal. Contudo, no Brasil colonial, o Código Comercial da época considerava o escravo um bem semovente (como o gado é considerado atualmente) e, como tal, passível de comercialização.

Se hoje podemos falar em jornada de trabalho e salário mínimo (anos luz de ser o aceitável), devemos lembrar que um dia toda a economia nacional foi sustentada pela exploração inumana dos negros africanos. O que outrora era algo natural, hoje é ilegal. O que era algo totalmente aceitável, não apenas por “famílias de nome” (como se alguma não tivesse), mas também pela igreja Católica, hoje é propositadamente ignorado, (muito por conta da “Obamania”).

E é assim que se desenvolve e se transforma a ética nas sociedades intelectualmente pobres, como a burguesa, onde tudo que é legal tem o condão de ser certo. São dogmas estabelecidos em nome da ordem e em detrimento do respeito à diferença.

Não poderei, embora gostaria muito, dar um final feliz para a história de Unpindi e sua família, mas tenho certeza de que, se fosse um personagem real e estivesse vivo hoje, faria coro comigo - ÀS FAVAS COM A ÉTICA !!!



ESSE TRINCOU !

Vai aí a indicação de um filmaço, ou melhor, de uma vida retratada na tela. “Na natureza selvagem” é um filme obrigatório para quem não se conforma com a vida previsível da cidade grande e busca encontrar o significado da vida na obra da natureza. Gostaria de retratar mais minhas impressões do filme, mas estragaria a emoção de quem quer assisti-lo. Basta dizer que se trata de uma história real, com direção e roteiro de Sean Pean e trilha sonora de Eddie Vedder (Pearl Jam). Tá bom ou quer mais? Quer? Então assista!!!



DICA 2

O canal TV Brasil está transmitindo (de 31 a 05 de setembro 20:30h) uma série chamada “Era das Utopias”. Uma reflexão madura sobre os últimos 20 anos da humanidade. É simplesmente fantástico. Depoimentos fabulosos de gente muito competente e sensível. Deve ter no youtube !

Direção – Silvio Tendler.



Poesia Visceral.


SE


Se

Nem

For

Terra

Se

Trans

For

Mar

Paulo Leminski

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mátria amada


Se existe uma coisa que aborrece de verdade são aquelas pessoas que tem um prazer quase sexual em falar mal do Brasil. A impressão que da é que, à medida que denigrem a imagem da própria terra natal, esses indivíduos enaltecem a si próprios, como a flor que nasce do estrume.
Mas a indignação maior reside no fato de que, geralmente, esse tipo de “cidadão” não conhece o mínimo da história, costume ou até mesmo geografia do país. Não são capazes de apontar no mapa onde exatamente fica o Pantanal ou o recôncavo baiano, ou ainda se determinado sotaque é da Paraíba ou da Bahia, mas estão sempre prontos a afirmar que não vivemos em um país sério.
Há ainda a freqüente argumentação de que “o brasileiro é picareta”, “malandro” ou coisa do tipo. Mas aí resta uma dúvida: qual brasileiro? O Macapense? O Manauara? O Macuxi? O Paulistano? O Curitibano? Ou o Carioca mesmo? Sim, porque só alguém realmente alheio ao que seja o Brasil para estereotipar a população do país mais miscigenado do globo terrestre.
Mais do que miscigenação pura e simples, o segredo do Brasil é o que o poeta e compositor Jorge Mautner define como Amálgama cultural. O autor de “O deus da chuva e da morte” afirma que esse fenômeno social não é nenhuma novidade por aqui, pois "Quem definiu o Brasil, pela primeira vez, como um amálgama que nos diferencia de todos os outros países foi José Bonifácio, em 1823. Amálgama é um retrato, uma alquimia do Brasil”.
O que há de concreto é o fato de sermos um país de capitalismo derivado e tardio, dependente de sistemas capitalistas centrais como o norte americano. Essa dependência implica na importação de algo mais lesivo à consciência de nação do que produtos industriais e tecnologia: a importação de cultura.
Até onde os tentáculos do império estadunidense podem alcançar, sua língua, culinária, esportes e seriados televisivos, incorporam-se aos costumes locais como algo natural. A essa cultura importada e incorporada pela classe burguesa, atribui-se a formação do pensamento de muitos compatriotas, principalmente do Sudeste brasileiro (paradoxalmente a região mais “desenvolvida” do país), ao vislumbrarem no Brasil uma imagem atrasada e corrompida, idéia tão cara aos olhos de produtores Hollywoodianos.



da Série:
Mãe, fiz Direito, mas quero ser poeta...

Na Rua.

A falta de trânsito
A sombra de dúvida
Espelho e corredor

A falta de tempo
A sobra do almoço
Calçada e cobertor

A falta de trampo
O samba de roda
Dança e tambor

Medo e malícia
O peso da preguiça
A falta de amor.


Eu morri há 20 anos atrás.

Se o Maluco beleza ressuscitasse hoje, teria a impressão de que 21 de agosto de 1989 fora realmente o dia em que a terra parou, pois, assim como na data de sua morte, o Sarney (então presidente) continua mandando no Brasil, Edir Macedo (inspiração para a música “Pastor João e a igreja invisível”) continua vendendo salvação e Paulo Coelho (parceiro em tantas obras primas como Gita) continua fazendo sucesso. Talvez este último o surpreendesse pela qualidade (ou falta dela) em seus livros. Aliás, não percam tempo com o filme “Veronika decide morrer” (estréia nesse fim de semana). Não vale um grão de milho estourado.

E VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quando a gente fica triste

Tentei definir o que acontece comigo quando fico triste.

Talvez meditar no estar triste, ou no que é sentir triste, ou ainda idealizar triste como objeto descritível... é, talvez isso não sirva pra nada, a não ser pra quem pensa que é poeta...

Incluir a razão na emoção torna os sentimentos desconexos demais, mas analisá-los pura, simples e emotivamente embasados, pode resultar em palavras bonitas, daquelas que a gente gosta de ler e de escutar.

Como você se sente quando está triste?

Assim estou quando a alegria se inverte:

"Se alguém conseguisse entender
que a densidade das minhas lágrimas
é muito maior do que tudo aquilo
que quimicamente elas conseguem ser

porque são densas de sentimento triste
porque e quando triste o choro dói
e o peito se comprime num aperto profundo
que arde

meu choro tão razoavelmente
é a transposição de todo respingo d´água
de um oceano de emoções
que remexe com força lá dentro
e que meu lado interior não consegue segurar
nem todos aqueles sentidos externos
formam uma barreira eficaz

já estou lavada desse sofrimento por todos os cantos
por todos os cantos que se vêem
por todos os cantos que se crêem
elas se multiplicam sem a minha permissão"

terça-feira, 7 de julho de 2009

Conexão Inicial


Silencio !!!! Mundo Natureza Alma Vida Consciência Liberdade Homem Mulher e Verdade
Tempo Palavra Razão Fala Fé Religião Família Gratidão Trabalho Economia
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...e como tudo tem um começo, "Sem Palavras" para nossa conectividade!!!