domingo, 20 de setembro de 2009

#23

Quando vejo o espelho
vejo alguém de vinte três
com um tom suspeito de palidez
de alguém que constantemente foge da lucidez
como de quem sofre espiritual surdez
com uma mente que abarrota porques
e coragem de quem só responde talvez

perdida a tolice da altivez
logo assim, aos vinte e três

sabe,
quero encontrar a pequenez
de uma alegria menos xadrez
quero viver um amor pra sempre cortês

quero falar o tempo todo meu português
e quero com a mortadela,
pão francês

quero me livrar da embriaguez
de viver sem sentido outro, outro e outro mês

quero encontrar meus valores outra vez
não quero vida farsa como quis Inês
quero outra fisionomia para minha tez

mas para não só crer que tudo caminha para a aridez
paro esse jogo de frases tecidas de acidez
para que não se leve em conta essa toda estupidez
porque o que quero e que sou é tudo ainda insensatez
afinal, só tenho vinte três

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